Editorial
SER INVISÍVEL
"Not a boy, not a girl. Just a human" (no bom português, "nem garoto, nem garota. Apenas um ser humano"). A frase extraída do perfil de um leitor nas redes sociais da Homos Brasil pulou aos meus olhos em um momento vital da construção da primeira edição da revista. Ao longo dessa etapa, raras foram as vezes que vi manifestação de sentimento tão clara quanto a expressada nessas palavras. Deparei-me com declarações espinhosas, outras neutras e, claro, muitas respostas vieram em forma de silêncio. Porém, não deixei de ver nos homens homossexuais interesse e incentivo para seguir na jornada de fazer da Homos uma referência no mercado editoria gay do Brasil.
Mas afinal, onde estão vocês? Devo concordar com Aguinaldo Silva (veja na coluna "Bixórdia") quando diz que o gay busca uma visibilidade que não quer ter. Busca, mas se esconde, talvez até querendo parecer heterossexual. Diante de um pensamento um tanto quanto antagônico, pergunto: ser invisível vale à pena? O preço de não ser visto pela sociedade pode ser mais alto do que o de assumir a verdadeira identidade sexual. Assim, não se chega a lugar algum.
A Homos é gay por opção, mas enquanto precisar esclarecer que não se escolhe ser homossexual, e sim que se trata de uma descoberta natural, ainda fará parte da chamada "contracultura" - uma ameaça à moral e aos valores socialmente estabelecidos. No entanto, para quebrar este paradigma, escolhemos não ser invisíveis. Queremos que nos vejam e nos respeitem sendo garotos ou garotas. Depois que partirmos desta para melhor, vamos todos para o mesmo lugar e, aí sim, seremos invisíveis. A única coisa que talvez diferencie os homos dos heteros é que provavelmente os primeiros virem purpurina. Vai saber...
Débora Souza.
Editora da Homos Brasil